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Por que (começar a) escrever contos?


Por que (começar a) escrever contos?

De acordo com o escritor de ficção, Vilto Reis, o conto é uma escola para o escritor iniciante, essencialmente, para aqueles que ainda não possuem a fibra necessária para escrever algo tão longo. O que não quer dizer que o conto seja mais fácil, muito pelo contrário, é uma escola porque exige muito do escritor, por isso gera aprendizado.
Temos que concordar com ele.
O conto tem suas características bem marcadas e a prática dessa escrita gera ao autor tanto gosto por este gênero literário quanto o aguçar da criatividade para produzir narrativas longas.
No PLC – Projeto Literário Coletâneas – tivemos muitos casos em que os contos produzidos para as nossas antologias, acabaram transformando-se em romances, como o caso das autoras Adriana Vaitsman e Alexia Road. O PLC tem como objetivo levar os autores ao aprendizado contínuo através da escrita desafiadora, por isso, apostamos nos contos e na experiência que estas criações geram ao autor.
Qual o primeiro passo para se começar a escrever bons contos? Ler contos.
Há uma gama de contistas disponíveis na nossa literatura, entre eles, Sérgio Faraco, Machado de Assis, Rubém Fonseca, Cecília Meireles, além de outros nomes estrangeiros como: Edgar Allan Poe e Julio Cortázar.
Ao escrever um conto, apesar de conciso, este deve ter um bom desenvolvimento de sua estrutura com diálogos fluidos em uma narrativa direta, porém, sem perder o brilho do conflito. Deve-se evitar as introduções longas
Nossa, mas isso parece muito difícil! É um desafio sim, mas possível de rompê-lo se houver disciplina do escritor.
A prática da escrita de contos é um treinamento necessário e valioso que se torna prazeroso. Escrever contos leva o autor a aprimorar o vocabulário, analisar redundâncias, fazer escolhas das melhores palavras, aprendendo a deixar somente o essencial da história. Um texto sem perder o contexto; polido, mas não menos atrativo.
Dentro deste quadro, existem também os minicontos, outra ótima opção para praticar a escrita. No entanto, precisamos esclarecer que os minicontos não são resumos de histórias, nem recortes de textos, sinopse ou pensamento. Não! Um miniconto é também uma narrativa ficcional.
Vejamos um exemplo a seguir:

 “Stefânia segurou meu braço.

- Escuta – disse.

 - O quê?

 - O silêncio.

 Fiz menção de responder, mas ela apertou meu pulso com mais força.

 - É um privilégio.

 - Ã-hã.

Em silêncio, ficamos mergulhados por longos minutos numa espécie de oração cívica. Estávamos sentados numa pedra debaixo de uma imensa árvore, observando sua netinha que brincava logo adiante.

Por um tempo, aguardei que Stefânia me retornasse a palavra. Demorou um pouco, até que numa voz sossegada, falou:

 - Os ruídos de Belo Horizonte andam me fazendo um mal terrível ao corpo, como também ao espírito. Tanto que até diminui meu prazer de escutar música.  

- Acredito.

- Curuis credo!... Um inferno.

- Hoje em dia todas as metrópoles do mundo, mesmo as mais cantadas, encantadas e decantadas estão sofrendo dessa espécie de saturação sonora.

- Provavelmente.




- Nada mais, nada menos do que o resultado das tensões e impasses gerados pelas transformações aceleradas das grandes cidades. Enfim, pelo crescimento urbano desordenado.

- Tem jeito?

Fiz menção de responder. Mas, nesse instante, a neta sorridente de Stefânia, veio disparada ao nosso encontro, gritando:

- Vó-Vó!... Vó-Vó!... Vó-Vó!...”

(Domingo no Parque das Mangabeiras – Welington A. Pinto)
Seja contos ou minicontos estes textos possuem as seguintes características: introdução rápida, desenvolvimento conciso e desfecho. São narrativas lineares quanto ao tempo em que se passa a história, com poucos personagens e, todas as suas ações - que se fecham em um só conflito -encaminham-se para o desfecho.

 

O famoso contista, Edgar Allan Poe aponta estes três pontos importantes na construção do conto, da seguinte forma:

  1. Extensão: Atentar-se para a extensão do conto, de modo que, a narrativa seja lida em "uma sentada." ao mesmo tempo que é preciso que a leitura gere certo... 
  2. Efeito no leitor, ou seja, as ações do acontecimento precisam ter intensidade. E por fim, o...
  3. Desfecho, que deve provocar no leitor, surpresa.

Para ele, esta é a fórmula perfeita do conto.
Encontrar, atualmente, dicas sobre a escrita de contos é muito simples, basta fazer uma pesquisa em qualquer navegador, contudo, nada vai substituir sua experiência e aprendizado como ler e escrever, se possível, diariamente.
Outra sugestão muito significante é a questão dos gêneros literários. Por mais que o escritor tenha um gosto preferencial, diversificar os gêneros a cada conto construído é uma rica forma de aprofundar na prática literária. Desenvolva enredos, anote as ideias que surgem através de uma música que escutou, um filme que estava assistindo ou um documentário, observando o ambiente ao seu redor e até mesmo, uma conversa que ouviu ou participou. As melhores ideias surgem sempre nessas situações.
Então, te convido a começar hoje! Separe um caderninho ou grave as ideias em seu próprio celular, passe a anotar tudo o que observa, crie seus próprios enredos e transfira-os para o papel em forma de contos.
Você se apaixonará por este tipo de narrativa, além de se preparar para escrever narrativas longas e gêneros diversificados.
Desafie-se. Crie e surpreenda a si mesmo e aos outros.
Aproveito a oportunidade para te convidar, escritor iniciante, a participar das nossas antologias, é totalmente gratuito.
Desejo-lhe ótimas inspirações e até mais!

Georgeane Braga
Idealizadora do PLC e aspirante a escritora
pcoletâneas@gmail.com


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