O Espírito do Tempo

O Espírito do Tempo

O tempo é o processo abstrato mais concreto a que tange o dilema das coisas, por vezes se afigura deveras alinhado, por outro caótico e ambíguo. Filósofos, religiosos e escritores se apoderaram de sua capacidade heterogênea de ser definido, contudo, esses mesmos vagantes do pensamento não foram páreos ao ímpeto de seu espírito, no qual destoa até as mais premiadas definições que o definem.

Nós, os transeuntes de seu invisível e obscuro asfalto, carregamos no cerne de nosso discurso sua própria negação: ao definir uma coisa, definimos também aquilo que o nega, ou seja, por detrás de uma tese, há uma antítese oculta a qual fundamenta o conflito inerente. A negação do discurso embasa a síntese (conceito novo) --a semente precisa ser negada para que a árvore floresça, assim como o feto para o desenvolvimento do ser-- e seus enlaces necessitam a serem superados e norteados, pois nos sentimos seguros quando dominamos os algozes da incerteza.

Portanto, se há em todo discurso uma antítese oculta, concernente ao embate, que freia os caminhos da vida, logo penso que o progresso reside no âmago  das necessidades humanas, pois apenas o progresso (superação, por excelência) tem o poder de guiar os enlaces psíquicos da espécie e dar vazão aos desfechos da vida.