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Divertida-mente


Divertida-mente


          A mente de um escritor deveria ser a próxima meta de estudos da ciência. Trata-se de um ser simplesmente fantástico – e bizarro. Tem dias que ele escreve de tudo! Não se contenta com um, dois ou três textos, ou quem sabe até uma crônica, um complexo poema, ou até mesmo um artigo que o seja. Não. O indomável Capitão Jack já quer escrever logo todo o enredo e roteiro da próxima novela das oito! E coitado do pacote de biscoito que entrar no seu caminho! Ele come todos, sozinho, madrugada a dentro! Pensa no tormento que é para a família do elemento ter que aguentar o “tectectec do teclado a noite inteira, escrevendo sem eira nem beira como se fosse o último dia de sua vida – e antes que me pergunte, sim. Um escritor passaria seu último dia escrevendo. Pense num cidadão exemplo! Quando está inspirado, se tiver tempo e chance é capaz de escrever de uma só vez seu próximo romance. E se não puder tirar o dia só para escrever, fica anotando em pedacinhos de papel ou no bloco de notas do cel. todas as ideias lunáticas que cascateiam em sua mente. Mais parece um trem desgovernado e, nesses dias, é fato: Ninguém segura esse bebê!
          Por outro lado, tem dias que o bisonho não consegue escrever nada, passa horas e horas tentando arrancar da “cuca” qualquer mísera pseudo ideia que seja suficiente para completar dez linhas – e geralmente nesses dias não passa de duas. Frita tanto o cérebro à procura de conteúdo que o coitado chega a virar célebro mesmo. É uma tragédia sem precedentes. O pobre drogado, dependente, viciado em escrever, descabela o pouco cabelo que ainda lhe resta e não consegue compreender: afinal, que bicho me mordeu? Quem sou eu? Ser ou não ser: eis a questão. Ah, não! De novo não! Viajando na maionese outra vez, escorregando pelas sarjetas literárias, apelando para as ditas “filosofias de boteco” no ápice do desespero. O infeliz torna-se, por um período de tempo, um mendigo literário, ensandecido! Percebe-se de ressaca – e antes fosse a alcoólica! Nada causa mais estrago para um escritor que a tão temida ressaca literária. Vigarista, salafrária. Pense numa rapariga incendiária! É ela, a tal da ressaca literária.
          Nesses dias obscuros e deploráveis da vida de um escritor é que tendem a acontecer os maiores assassinatos ortográficos, pois uma boa ideia é algo tão raro que, quando surge, o ser vivente agarra-se a ela tão fortemente que não se lembra de mais nada, não presta atenção em bulhufa nenhuma além da própria criação, pura e simples. Escreve tudo errado, com letras trocadas, sem pontuação, sem calma, com pressa mesmo. Tem medo, lógico, por isso agarra o bichinho e bota na coleira antes que ele escape de sua mente do mesmo jeito que chegou: de repente. Nessas horas é mesmo um ser descrente. Pensa que tudo acabou, que nunca mais vai escrever algo relevante e descente, que é o fim da linha – parece mais uma menininha, chorona.



          Nas suas mãos, caro leitor, chega apenas a obra finalizada, impecável, irretocável, perfeita. Mas se você pudesse ler enquanto estava sendo feita, te garanto, veria que seu ídolo é só um menino com uma caneta. Por vezes rabisca, apaga, desiste, recomeça. Sim, todo escritor é apenas um menino. Mas inquestionavelmente um menino sonhador, que se esforça para alimentar diariamente a cada voraz leitor, com sua dose de loucura. Muitos têm morado na rua, mas ainda assim escrevem. Portanto, valorize cada escritor que encontrar na sua frente. Ele tem uma mente bastante confusa, é verdade, mas ainda assim, se olhar com jeitin, vai ver que é uma divertida-mente.

Leonardo S. C. Campos
E mail: leonardosccampos.escritor@outlook.com
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